sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A morte da fiel escudeira

A morte da fiel escudeira
PDF 835


Morreu Dona Marisa Letícia, a fiel escudeira de Lula, o escudo de sua vida e de sua história. Durante o seu processo de internação hospitalar e de passagem, suas últimas condições de escudo. Serviu de escudo nas redes sociais. Indignados com Lula atiraram pedras em Dona Marise, pedras simbolizadas por palavras, e todas bateram no escudo. Lula não foi atingido.


Um escudo, um anteparo, desde o tempo de sindicatos. Desde as reuniões em uma garagem, parte de uma casa popular, não usada. Segundo depoimento de fontes iniciais, não oficiais, de alguém que estava por perto, o embrião do PT surgiu a partir de reuniões em uma garagem. Garagem esta que fazia parte da casa do casal Lula e Marisa, que na época não possuía carro. E a garagem adquiriu a condição de diretório inicial. Um diretório de ideias enquanto o partido não era fundado. E dona Marisa estava ali como esposa de Lula e como aliada do partido em organização. Estendia os serviços da casa para um grupo de políticos: ativistas, lideranças e sindicalistas. Fazia o serviço de água e café,  fazia o receptivo. E não poderia estar ou ficar alheia às discussões das pautas. Fez o serviço de hospitaleira, noitadas aconteciam após as reuniões. Poderia ter voz mas não tinha voto nas reuniões. E mágoas começaram a ser acumuladas. Lula evoluiu no quadro social e político, esquecendo dos estudos. E ela sempre ocupando a função de companheira e de esposa. Ela tentou estudar mas foi impedida pelo esposo. E fica lançada uma dúvida, do não querer de Lula e por mágoas adquiridas pela esposa.


Lula lutou, batalhou, adquiriu ganhos e perdas; perdeu um dedo. E Marisa estava a seu lado, e sempre do seu lado para dividir e ouvir problemas. Por vezes e sempre, é o líder que se expõe, e é quem esperamos ou imaginamos, que seja o primeiro a adoecer. E Lula adquiriu um câncer, a revolta das células, que parece ter sido superado. E o mesmo aconteceu com Dilma, sua sucessora, com mandato dobrado. Mas por muitas das vezes é o parceiro quem adoece, quem adquire as neuroses, nem sempre apresentadas. Por suportar todos os problemas, por ser o apoio da carga. Por suportar problemas e as cargas que não são vistos ou percebidos, e não podem ser anunciados por fofocas e pela mídia.


Lula deixou de ser sindicalista, líder de um grupo específico de trabalhadores, para disputar a condição de ser presidente da nação. O sindicato Solidariedade, a Glasnost e a Perestroika de uma época, devem ter sido suas maiores inspirações. E o líder de grupo polaco chamado Lech Walesa, pode ter sido seu ídolo. Em determinadas épocas quando se alterava as ideias da população e dos trabalhadores na Europa e na Polônia. Trocou a vodka dos países frios, pela cachaça brasileira. Copiou argumentos, comportamentos e hábitos, na formação e construção de um símbolo e suas ideias. Adotou o uso do vermelho, como bandeira, símbolo de revoluções e símbolo comunista. A cor do sangue que rege a vida e controla o cérebro, a união do corpo com a cabeça, atos e ideias. Não estudou as teorias de poder, mas soube interpretar a sociedade.


As preocupações e as mágoas foram se acumulando com o tempo, por muito ouvir e pouco falar, e por muito pensar, seu cérebro produziu um aneurisma, afirmado pela medicina como uma má formação. A formação de seu corpo e a formação de sua vida Circulavam ideias em sua mente e estagnaram o caminho do sangue, produzindo sinapses, de pensamentos e ideias sobre um mundo político que não fazia parte, apenas funcionava como escudo. Sangue é vida e liberdade, e veias dão o fluxo a vida e ao sangue. E um aneurisma seriam suas vontades e ideias estagnadas, com um risco de rompimento, a qualquer momento.  Assim como seu casamento sempre estava em risco de ser rompido.


Estava presente nas solenidades, para mostrar que eram um casal perfeito, com um lar e uma casa, tinham filhos. O estereótipo da sociedade, desejado pelo eleitor. Um casal equilibrado, semelhante a tantos outros, que continuam anônimos. E agora a vida de um ex presidente, com a vida vasculhada, trouxe mais preocupações as que já estavam acumuladas, E o escudo foi se tornando cada vez mais vulnerável.


O guerreiro perdeu seu escudo. Perdeu seu par perante a sociedade. Depois de muitas lutas e muitas defesas, o escudo foi se tornando cada vez mais frágil. Rompeu um aneurisma que já estava detectado e com um futuro diagnosticado pela  medicina. Antes de morrer, a última tentativa do organismo, apagar os pensamentos. E os aparelhos conectados a seu lado mostravam uma inatividade cerebral, prenunciando a morte, E aos poucos outras partes do seu organismo foram se desligando, dos problemas e da vida. Uma vida que já estava marcada pela pele intemperizada, fora os sinais na face. A face que sempre se expressa em tudo na vida, alegria ou tristezas deixando marcas no rosto, como um histórico de vida.


O inchaço e a pressão craniana aumentaram. Depois do AVC hemorrágico, que não era isquêmico, como um bloqueio, quando ainda era possível promover um desbloqueio com medicação e novas ideias. Era um AVC-H (acidente vascular cerebral hemorrágico), um nome técnico para o popular derrame. Depois de tudo derramado, era melhor abandonar tudo, assim entendeu sua alma.


A notícia da doação dos órgãos da falecida, cria algumas ideias e hipóteses. Os órgãos deverão ser analisados em um investigação post-mortem, pela anatomia e pela fisiologia, para identificar as condições de serem reutilizados. Mas as mágoas e preocupações ficaram impressas nas células “comportamentais”, uma condição que não pode ser avaliada.


A morte da fiel escudeira
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Texto em
http://www.substantivoplural.com.br/morte-da-fiel-escudeira/

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Roberto Cardoso (Maracajá)
Reiki Master & Karuna Reiki Master
Jornalista Científico
Membro Efetivo do IHGRN (Instituto Histórico e Geográfico do RN)
Membro efetivo do INRG (Instituto Norte Riograndense de Genealogia)


Em 03/02/2017
Texto enviado para Substantivo Plural





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